Depoimento L.R.B. Crack
Depoimentos
Nome: L. R.B.
Idade: 29 anos
Tempo de dependência: 14 anos
Tipo de droga: Crack
Tipo de Tratamento: Tratamento de Drogas
Período de tratamento: 2 meses
Pode –se dizer que até meus dez a doze anos, tive uma vida normal para uma criança, pois nesta fase meus pais se separaram.
Me recordo que a primeira droga que usei foi o tabaco. Era uma adrenalina pois eu fumava escondido.
Por volta dos 15 anos de idade conheci a maconha e gostei muito pois eu era um rapaz muito introspectivo e frustrado pela perda de mais uma pessoa na minha vida, uma garota. A maconha me fazia esquecer minhas frustrações e problemas.
Até esse ponto ninguém suspeitava de algo, foi quando decidi me mudar para a casa de meu pai, que morava no centro de Belo Horizonte. Nessa época eu ainda conseguia cumprir com meus compromissos como estudar, tarefas pré-estabelecidas pelo meu pai, tinha uma namorada “careta” (que não usa drogas) e curtia muito a vida e dava festas para os amigos toda semana, até que uma pessoa contou ao meu pai que eu era “maconheiro”.
Meu mundo desmoronou! Aquele dia houve muito choro e lamentações. Para todos eu já não era mais a mesma pessoa e a partir daí eu era o “drogado” e pude sentir o preconceito até dentro da minha casa. Não os culpo pois não sabiam lidar com a situação. Minha mãe passou a morar na casa de meu pai para me vigiar. Perdi meu espaço, minha liberdade e minha vida social e não soube lidar com todas essas perdas e comecei a virar o típico adolescente revoltado.
Aos dezoito anos conheci a noite e o dia já não tinha mais graça. O samba , as boates, foi em uma destas noites que me apresentaram uma dama, a “dama de branco” (cocaína). No início o uso era esporádico. Ela me deixava alegre, feliz, extremamente social, me sentia poderoso.
Desse ponto para frente perdi o medo de experimentar outras drogas como o LSD, conhecido como “doce”, Êxtase, ópio, loló, cristal, micro ponto (anfetamínico), lança-perfume, cola, dentre outros inalantes, tomava remédios para dormir, o “boi” (tilex + Benadril), entre outras que não me lembro agora mas foi numa dessa experiências que conheci o “crack”, essa droga acabou com o resto de minha vida, nada mais podia me satisfazer, nada tinha graça e eu só vivia para ela, por causa dela eu perdi minha família, dignidade e meus princípios, fiz coisas que “até Deus duvida”.
Só por hoje estou limpo há 60 dias, graças a Deus, à clínica, a mim mesmo, a minha força de vontade e à minha família que não desistiu de mim, mas o que importa é o dia de hoje.
L. R. B., 29 anos, setembro de 2011.