Depoimento de Dependente Químico em Recuperação Pós Internação - Clínica Terapêutica Cantareira

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Depoimento de Dependente Químico em Recuperação Pós Internação

Depoimentos
      Excelência no Tratamento desde 2009!
      
Nome: J. B. M

Idade: 20 anos

Era noite, não me recorde ao certo o dia, estava eu J.H.M  me escondendo de meus pais na casa de uma pessoa que eu julgava ser minha amiga, estava escondido na sacada da casa dela ouvindo minha mãe me procurar loucamente, não me encontraram.  Quando a busca terminou me senti livre, agora posso aproveitar. Fomos eu, um casal conhecido e outra garota até um parque próximo a minha casa, lá bebemos, usamos cocaína, estávamos curtindo.  Quando o casal começa uma discussão, F. o rapaz começa a bater na namorada, chuta, bate e eu gritando tentando separá-los, sei que esta situação durou mais de 30 minutos. Quando pararam, saímos do parque e fomos usar mais drogas.  Voltei para o condomínio de madrugada, estava todo sujo de chinelo com uma aparência péssima, conforme me disseram depois. Voltei para casa de madrugada e a porta estava trancada, eu bati na porta, toquei a campainha, liguei para o celular da minha mãe, ninguém atendeu, haviam me deixado para fora. Sem saber o que fazer fui a casa de uma amiga. No fundo da casa dela tinha um quartinho cheio de sujeira e bagunça , arrumei um lugar para eu sentar e lá dormi. De manhã a mãe dela me encontrou, levei um sermão e voltei para casa, mal sabia que dias depois seria internado mais uma vez. Este foi um episódio dentre muitos da minha adicção, a depredação moral, as situações as quais me submeti, eram lamentáveis.

Desde pequeno meu comportamento já insinuava meu potencial para a dependência química, eu era uma criança muito agitada, intenso em tudo o que eu fazia, dizia para a minha mãe “que minha cabeça fervia de idéias para aprontar”. O que me lembro de minha infância são em sua maior parte histórias que as pessoas me contam, não me recordo claramente dos fatos desta época.

Aos seis anos iniciei meus estudos (1ª série na época) em um colégio franciscano, lá encontrei uma família, um lugar no qual eu me sentia amado. Fui durante todo o período escolar um bom aluno, meu desempenho caiu após o início do uso de drogas. Enquanto eu estive nesse colégio meu uso se manteve “controlado”, após o término do ensino médio minha vida se tornou desgovernada, os episódios de uso se tornaram freqüentes e iniciaram-se as internações.

Desde pequeno eu percebia que era diferente de meus colegas, comecei a prestar mais atenção nos homens do que nas mulheres, foi então que com treze anos, me dei conta que eu era homossexual. Nesta mesma época contei para os meus pais sobre minha orientação sexual, assunto o qual gerou muitos conflitos entre nós. Até a sessões espirituais, que prometiam a cura para a homossexualidade fui submetido. Depressivo e com uma imensa carga emocional para a minha idade comecei a procurar subterfúgios para os meus problemas, e foi então que me espelhei em duas colegas de classe que fumavam. Comecei a fumar cigarro, até que um dia experimentei maconha com elas. O álcool também estava presente, mas nesta época o uso era  esporádico.  Dois anos depois o álcool havia se tornado comum nos finais de semana, o cigarro diário e a maconha semanal. Nesta época mais conflitos com a família, primeiro por causa do cigarro, depois por causa da maconha. Meus vizinhos diziam para meus pais que eu usava drogas, mas eu sempre dava um jeito de enrolá-los. Até que um dia minha mãe me pegou fumando maconha em meu quarto, por causa deste episódio os conflitos pioraram. Era um inferno em minha casa, buscava ficar fora o maior tempo possível para evitar as brigas, mas não queria tratar a raiz do problema “EU”.

Com dezesseis anos fiz uma viagem com uma amiga, para o interior de São Paulo, foi onde conheci a cocaína e o chá de cogumelo. O que me deixasse “louco”, fora de mim eu estava usando, queria afogar minhas mágoas, esquecer das brigas e quanto mais usava mais problemas trazia para minha vida, só eu que não me dava conta disso.  Em meu condomínio tinha como amigas garotas que usavam drogas. Ficávamos o dia todo usando e buscando maneiras de usar mais.  O ensino médio terminou e o uso de cocaína havia se tornado diário. Iniciei um curso de graduação em uma faculdade renomada, deixava de ir para a faculdade para usar o dinheiro da condução e da alimentação em drogas, nesta época roubava a carteira de minha mãe e fazia o que fosse possível para usar mais e mais.  Os conflitos em casa piorando, as restrições aumentando, até chegar o ponto de minha mãe esconder seu dinheiro no sutiã.

Comecei a freqüentar uma psiquiatra e com sua ajuda contei aos meus pais que estava usando cocaína, fizemos então diversas tentativas para eu parar de usar. Tive durante um tempo uma acompanhante terapêutica, ela ia todos os dias em minha casa, mas eu de alguma forma a enganava e usava drogas. Tentei junto a minha psiquiatra redução de danos, não funcionou. Busquei diminuir a quantidade e dias de uso, não consegui. Enfim diversas tentativas falharam. Então a psiquiatra chamou meus pais e disse a eles que não iria mais me atender e que seria necessária uma internação para que eu parasse de usar.

Algum tempo depois fui internado pela primeira vez, na única clínica gratuita do governo de São Paulo, infelizmente o tratamento deles era de 30 a 45 dias, saí após 30 dias de ressocialização (um processo de reinserção social), recaí nesta saída e retornei para a clínica como se nada tivesse acontecido depois de alguns dias recebi alta e voltei ao uso no segundo dia em que eu estava em casa. Durante minhas primeiras internações eu era muito imaturo, tinha sede por curtir minha juventude, por baladas, amizades erradas e esta minha vontade de curtir, me fez voltar a usar diversas vezes e conseqüentemente voltar a ser internado. Minha família não dava folga “usou, internou”.  Recaí por diversos motivos, por pensar que poderia usar apenas o álcool, por fim voltei a usar cocaína. Por pensar que poderia usar apenas maconha, por fim voltei a usar cocaína. Recaí por não sentir prazer em nada, por me isolar, por não ouvir as sinalizações que meus pais faziam e por não freqüentar a sala de narcóticos anônimos.

Após minha primeira internação, voltei a usar todos os dias, ficava o dia todo usando, não tinha mais compromisso com nada apenas com a droga. Meus pais por não agüentarem aquela situação e por eu não aceitar ser internado de novo, ligaram para uma clínica que fazia tratamento involuntário e os funcionários da instituição foram me buscar, foi horrível, eles foram de ambulância, todo o condomínio saiu para ver o drogado ser internado. Nesta instituição tive um comportamento promiscuo, quebrei a abstinência sexual e por ser uma equipe mal preparada não souberam lidar com a situação, lá nos obrigavam a fazer trabalhos em prol da comunidade. Na minha primeira visita falei para os meus pais o que acontecia lá, usei de manipulação para convencê-los a me tirar de lá, por fim voltei para casa e após poucos dias voltei a usar.

Fui internado mais uma vez desta vez com meu consentimento, na realidade por falta de opção. Fui para uma psiquiatria pelo convênio médico, lá não tratavam a dependência química. Neste hospital eu convivia com pessoas com distúrbios psiquiátricos grave, fiquei lá durante 15 dias. Ficava o dia todo no quarto lendo. Acabaram os dias que o convênio cobria então retornei para casa. Eu nesta época tinha a intenção de ficar limpo, mas não pratiquei o que devia ser seguido.

Comecei um tratamento ambulatorial, fiquei alguns dias sem usar e logo comecei a usar dentro do ambulatório, as pessoas que me atendiam lá eram pessoas competentes que buscaram de todas as formas me ajudar, me encaminharam então para uma outra instituição a Comunidade Terapêutica Cantareira. Lá tive um tratamento totalmente diferente logo quando cheguei e  consegui perceber uma grande diferença dos outros tratamentos. Era um lugar bonito. Fui bem recebido e algo que gostei bastante é que éramos em poucos pacientes (uma filosofia da comunidade). Encontrei neste lugar, profissionais maravilhosos. Fui recebido pelo André o diretor financeiro, pessoa maravilhosa. Logo conheci o Fábio diretor terapêutico da comunidade, o qual me adotou como seu filho uma brincadeira que acontece até hoje. Comecei a passar em consultas psicológicas com a Dra. Flávia pessoa a qual me apeguei muito e devo a ela o meu crescimento e mudança.  Os terapeutas também me auxiliaram muito em meu processo de recuperação. O tratamento inicial seria de quatro meses, mas meu comportamento era péssimo, eu não participava das reuniões, era “respondão” e não consegui ingressar no tratamento, então meu período foi prorrogado para seis meses. Recebi alta e retornei a minha casa, meu comportamento era péssimo não segui as diretrizes da comunidade e me sentia triste, não sentia prazeres em recuperação, se passou um mês e eu voltei a usar. Após alguns dias meus pais me levaram enganado para a comunidade, fugi no caminho pulei do carro e me escondi no mato. Logo me “arrependi” e fui para a comunidade. Meu comportamento continuava resistente, eu dizia: “vou sair daqui e irei usar, quero morrer usando” após muita terapia comecei a me conscientizar, comecei a participar das reuniões e pelo investimento dos profissionais em mim comecei a melhorar, minha medicação foi ajustada. No sexto mês tive ressocializações e tinha realmente mudado minha conduta em casa e com as pessoas.

Hoje consigo entender minhas limitações, entendo a importância da sala de N.A e a importância da consulta psicológica. Entendo que para existir um processo de recuperação foi necessária uma mudança completa em minha vida. Hoje estou limpo há um ano, aprendi a ouvir as pessoas e falar sobre minhas dificuldades.

Graças à insistência de minha família e ao esforço de algumas pessoas em meu processo de recuperação, consegui mudar, tenho muito ainda a me melhorar e sempre terei. Hoje meu tesouro mais precioso é eu estar limpo. E agradeço imensamente a todas essas pessoas que se esforçaram para eu estar bem hoje.

J.B.M.  20 anos. (setembro de 2011).

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